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Faturar até 25.000€: Abrir atividade ou usar plataformas como Xolo Go, Ruul e Useme?
Se está a começar como freelancer, profissional independente ou presta serviços pontualmente, é natural que surjam dúvidas sobre como faturar legalmente sem complicações fiscais. Existem essencialmente duas vias:
- Abrir atividade nas Finanças e assumir todas as obrigações fiscais e contributivas.
- Utilizar plataformas de faturação como a Xolo Go, Ruul ou Useme, que permitem emitir faturas sem abrir atividade.
A melhor opção vai depender da sua situação concreta. Vamos analisar os prós, contras e responsabilidades de cada uma.
✅ Utilizar plataformas de faturação (Xolo Go, Ruul, Useme)
Estas plataformas funcionam como intermediários legais: faturam ao seu cliente usando uma empresa já existente e transferem-lhe o valor, deduzindo a sua comissão.
✔ Vantagens comuns:
- Não precisa de abrir atividade nas Finanças nem inscrever-se na Segurança Social.
- Sem IVA ou obrigações mensais/trimestrais — a plataforma trata do IVA e da contabilidade.
- Ideal para rendimentos esporádicos ou abaixo de 25.000€ anuais.
- Faturação internacional facilitada — úteis para trabalhar com clientes de vários países.
- Declaração anual no IRS — os rendimentos são declarados no Anexo J como provenientes do estrangeiro.
🧾 Diferenças entre plataformas:
Plataforma | Comissão | Dedução de despesas | Fatura com IVA | Conta bancária virtual |
---|---|---|---|---|
Xolo Go | 5% | ✅ Sim, algumas despesas relacionadas com a atividade | ✅ Sim | ✅ Sim |
Ruul | 4,9% | ❌ Não permite dedução | ✅ Sim | ❌ Não |
Useme | Variável (5-15%) | ❌ Não permite dedução | ✅ Sim | ❌ Não |
⚠ Possíveis desvantagens:
- Comissão sobre todos os valores recebidos.
- Sem isenção de IRS — rendimentos são tributados em Portugal como Categoria B.
- Não contribui para a Segurança Social, o que pode limitar direitos futuros (reformas, proteção social, etc.).
✅ Abrir atividade como trabalhador independente em Portugal
Se os seus rendimentos forem regulares, ou se quiser mais autonomia fiscal e contributiva, abrir atividade nas Finanças pode ser a melhor solução.
✔ Vantagens:
- Total controlo sobre faturas, despesas e gestão de rendimentos.
- Deduções de despesas profissionais.
- Acesso à isenção de IVA (regime dos pequenos retalhistas, Art. 53.º do CIVA) — se faturar menos de 13.500€/ano.
- Pode contribuir para a Segurança Social — acesso a direitos sociais.
💸 Custos e obrigações:
- Declarações periódicas: IVA trimestral (se não estiver isento), IRS anual, e comunicação mensal de faturas.
- Contribuições para a Segurança Social: obrigatórias após 12 meses de atividade, exceto se estiver isento por outra via.
- Contabilista: não é obrigatório no regime simplificado, mas é altamente recomendado — custo médio entre 500€ a 1.200€/ano.
🔍 Qual escolher?
Situação | Melhor opção |
---|---|
Vai prestar apenas 1 ou 2 serviços no ano | Ato isolado (emitido no Portal das Finanças) |
Tem rendimentos esporádicos, abaixo de 25.000€/ano | Xolo Go, Ruul ou Useme |
Quer deduzir algumas despesas, mas manter a simplicidade | Xolo Go |
Quer deduzir todas as despesas e fazer crescer a atividade | Abrir atividade nas Finanças |
Quer contribuir para a Segurança Social e aceder a benefícios sociais | Abrir atividade nas Finanças |
🧠 Conclusão
Se procura simplicidade, evitar burocracias e emitir faturas sem abrir atividade, as plataformas como a Xolo Go (com possibilidade de deduzir algumas despesas), a Ruul ou a Useme são soluções eficazes, especialmente para quem está abaixo dos 25.000€/ano.
Se, por outro lado, pretende escalar o negócio, gerir a sua contabilidade de forma mais personalizada, e aceder a benefícios sociais, abrir atividade poderá ser o caminho certo.